Time Traveller

     

terça-feira, maio 27, 2003

 
Dos excessos:

Eu aqui falando em aprimorar meu português enquanto 'S' (assim é melhor chama-lo) está prestes a lançar seu livro na Saraiva. S provavelmente nunca leu mais que 2 ou 3 livros na vida, alias, S não escreveu nem mesmo seu próprio livro, contratou um ghost writer!
E eu preocupada com a referencia em meus texto, com a originalidade de cada idéia, e Paulo Coelho na academia Brasileira de letras graças a sua única idéia, nem tão original, de reciclar texto alheios.
Toda minha vida eu fui muito gorda ou muito magra, muito alta, pouco alta, muito nova, muito velha, muito ignorante sobre tal assusto, não muito esperta, nem muito tímida, nem muito expansiva. Muito fraca, muito forte. Talvez certas vezes ótima amiga, outras, péssima amiga. Excessivamente dramática, totalmente apática.
Seria bom ou seria hipocrisia fazer como estes caras ai e se concentrar naquilo que é suficiente?
Não importa, talvez seria apenas mais feliz.
É Wilton, o superlativo não faz de nós necessariamente uma pessoa melhor...


domingo, maio 25, 2003

 
Verbetes:

As vezes tenho o estranho desejo de voltar a estudar português. Acho que passei pela gramática sem aprender nada. Ligia, quem sabe um dia eu a contrate como minha professora de portuguesa.
Eu mal sei a diferença entre um objeto direto e indireto, e isso não é nada: crases, acentos, pontuação... vai tudo no chute.
Dentre o pouco que aprendi está a coisa. Essa "coisa" mesmo. Que todos os professores afirmavam que não devemos usar porque não fala absolutamente nada. Totalmente inútil e despresível. Eu era contra, falava muita 'coisa'. Ainda uso a 'coisa', reconheço seu potencial filosófico mas não aprovo no dia a dia.
A pouco tempo me dei conta que eu odeio esta coisa de "coisa". Que fique claro, há certos momentos que quero saber sobre o que estamos falando.
-Como vão as coisas?
-Que coisa?? Ah! as coisas... aquelas coisas????Diga uma coisa!

e a coisa continua
-Me liga qualquer coisa.
-Alo?! To ligando pra falar da coisa.

ou
-Alo... To ligando pra falar que tomei um copo de leite. Que coisa, né?
pra piorar
-Vamos fazer qualquer coisa?
-Ah sim, claro, ótima idéia, tenho um velório para ir.

e a minha predileta:
-Me trás alguma coisa?
-Que coisa?
-Ah, qualquer coisa... Uma surpresa!
-Querida, que é isso?
-Surpresa! Uma coisa que achei lá fora... Coitado, faz dias que ele não toma banho!

É, a coisa diz tudo... e não diz nada. É o total "me ausento de qualquer responsabilidade" e... qualquer coisa a culpa é sua.


sábado, maio 24, 2003

 
My wish list:
Que galera pidona meu!!!
Acho que vou montar um setor público "Wish list" aqui no blog, que tal?
Ah! E se alguem quiser me dar um destes posters...




Alias, essa idéia do Wish list, não foi original, tirei do
site do Amaral, um rapaz de belos olhos e que, apesar de advogado, escreve bem. Mas aparentemente anda sem desejos consumistas.



quinta-feira, maio 22, 2003

 
Matrix Reloaded:
Fã de ficção científica que sou até que foi fácil esperar quatro anos por Matrix Reloaded, foi fácil esperar meia hora na fila, duro mesmo foi aguentar as duas horas e vinte de filme. Matrix, que nunca foi um filme humilde, agora volta mais pretencioso do que nunca. O orgulho dos diretores transborda em longas cenas de luta, de luxuria ou de discursos plasticos. Filosofia barata, delongas nerdologicas, pinceladas de mitologia grega, referências bíblicas, roupas de vinil e muitos, mas muitos, óculos escuros. É a "personificação" do "não trepa mas também não sai de cima", nem o velho samurai Mifune ficou de fora. Matrix é realmente Matrix; um filme de aparência.
Ah! Vá assistir X -Men...



terça-feira, maio 20, 2003

 


Num sei não mas o Holden Caulfield e o Calvin devem ter algum parentesco.


segunda-feira, maio 19, 2003

 
Reflexões sobre "O apanhador no campo de centeio":

Estou aqui olhando para o meu exemplar de “O apanhador no campo de centeio” do Salinger o qual acabo de ler pela segunda vez. Não vou fazer uma resenha do livro, quem quiser saber mais vá ao Digestivo cultural que já esta bem colocado ou leiam um trecho ou o livro todo!
Reli porque da primeira vez que li não conseguia deixar de suspeitar da inocência do personagem. Culpa do Mark Chapman que pediu a John Lennon que autografasse uma cópia do livro, e no mesmo dia o assassinou. Quando perguntaram por que ele matara John Lennon, ele disse: “Leia O Apanhador no Campo de Centeio e você descobrirá porque o fiz. Esse livro é meu argumento”. Ou o Lennon escreveu algo muito feio no exemplar do cara ou até o “Pequeno Príncipe” serviria de argumento para esse cara. Fiquei o livro todo esperando que Caulfield pirasse e matasse alguém por ai. Acontece que ele é o adolescente mais doce que poderia não existir. Como todas outras crianças do Salinger.
O apanhador é a preservação da infância, é esse o sonho de Caufield; é duro crescer num mundo como esse, onde tudo aponta para um futuro artificial, vazio, desprovido de energia. É por isso que esse ano o livro faz 52 aninhos e continua atual.
Eu já andei dando esse livro de presente por ai e se tivesse que escolher um livro para dar a todos meus amigos seria esse. Talvez porque Caulfield nos desperte do nosso próprio vazio ou porque ainda hoje acho que nós dois temos tanto em comum.

Bom, seja como for, Salinger é hoje um senhor que vive isolado no meio do mato e deixou apenas 4 livrinhos (dizem que ele finalmente está terminando o quinto!) muito bacana por ai: ‘O apanhador’, ‘Nove Estórias’, ‘Carpinteiros, levantem bem alto a cumeeira/Seymour - Uma Introdução’ e ‘Franny e Zooey’. Os três primeiros eu li e aprovei e o últimos não consigo encontrar, se alguém tiver ou comprar e quiser fazer uma criança feliz...



quinta-feira, maio 15, 2003

 
História de família

Esse cara ai do lado, com pinta de galã de filme dos anos 50, se estivesse vivo hoje estaria com 89 anos, 60 de casamento, 4 filhos, 9 netos e 6 bisnetos (still counting). Estaria provavelmente andando de casa em casa de cada filho para pegar o jornal, levar o jornal, correr as notícias, saber se estavam bem, defender os netos dos pais e os bisnetos dos netos. Acordaria cedo cheio de disposição para ir até São Bernardo paparicar o mais jovem e ainda teria tempo de vir puxar minhas orelhas por não estar trabalhando.
Ninguém ia imaginar que esse homem, que trabalhou metade da vida como mascate, foi da Alemanha a Nápoles, em meio a Segunda Guerra, montado num burro, que engessou seu próprio pé e atravessou Paris engessado para fugir do alistamento ou que no meio dos panos que vendia escondia pequenas fortunas em pedras preciosas as quais lhe rendiam um bom dinheiro ao contrabandeá-las. Salvatore Barretta não era parente de mafiosos, ninguém lhe pois o apelido de um destes capangas hollywodianos grandalhões “Sal”. Não precisou, foi nosso vô, o mesmo que atravessou Espanha, Inglaterra, Venezuela e outros tantos paises em meio a guerra na tentativa de dar uma vida descente para a família dele em tempos tão difíceis. Aprendeu sozinho francês e alemão, que muitas vezes lhe salvaram a vida, criou quatro filhos trabalhadores e honestos que lhe acompanham por toda a vida e levantou todo dia as cinco da manhã para ver o sol nascer sem ganas de aventureiro mas cheio de vontade de viver.
Em 1951 Salvatore mudou de planos devido a guerra, não moraria mais na Alemanha, e embarcou com seus três filhos e sua mulher grávida em uma viagem de 3 meses rumo ao Brasil, e foi assim que eu cheguei aqui... 26 anos depois.



segunda-feira, maio 12, 2003

 
O porquê cansei de brincar com o médico:
Não dá pra resistir a postar isso no blog. Eu queria falar mal do cara com quem estava saindo mas o que vou falar poderia ser sobre qualquer um.
Dizem que as mulheres é que são malucas então você conhece um cara de futuro promissor, de belos olhos azuis, ligeiramente mais alto que você e com alguns interesses parecidos. Você, como mulher ideal que é, não liga para o fato de ele ter levado um pé após 5 anos de namoro, das partidas de futebol e da cervejinha com os amigos e nem mesmo de ele ir sozinho naquela festa que você não tá afim mesmo. Mas ele não sabe de nada disso, ele mal te conhece e tem certeza do quanto você é maravilhosa (você sabe que isso não vai acabar bem). Dali a alguns dias você é parte da vida dele; telefonemas constantes, flagrantes embaraçosos, membros da família e ele vai fazendo planos para o futuro enquanto você acena desconfiadamente. Parece que meses se passaram, na verdade foram poucos dias que te atropelaram até você começar a acostumar com a idéia; talvez ele seja um cara legal, talvez você esteja sendo pouco romântica, quem sabe você também não devesse ligar para ele, ser um pouco mais atenciosa.
Então você liga para ele, ele te retorna a ligação, faz planos e some. Um hábito recorrente... A verdade é que todos os planos que ele fez para o futuro “vamos para praia, vamos para Brotas, vou te levar em tal lugar, você tem que ver tal coisa”, nunca foram planos feitos para você...
Acho que já sei quando as coisas começaram a mudar, ele pergunta “vamos saltar de pára-quedas?”, eu digo que não e então ele começa a desconfiar que eu não sou bem aquilo que ele achava que eu era; a pessoa que iria realiza-lo. Eu gostava de estar com ele porque eu me sentia comum ao seu lado, enquanto ele parecia querer estar comigo porque eu era incomum para ele. Conflito de interesses, uma pena, da próxima vez já vou avisando, eu não sou tão forte assim.



quinta-feira, maio 08, 2003

 
A nossa loucura de cada dia:
(parte 2)
Teve uma época, há uns dois anos atrás, que eu viciei em jogar paciência. Jogava toda noite, por uma hora ou duas, as vezes mais, até ficar totalmente anestesiada do mundo. Não por falta de opção, não por tédio, eu simplesmente viciei. Não lia mais a noite, não assistia tv, não escrevia, não usava a internet, meu negócio era jogar, não qualquer jogo, mas jogar o monótono e repetitivo paciência. No som o CD acabava e eu nem percebia, a fome passava da hora, eu nem sentia o pescoço duro e esquecia os olhos grudados no monitor. E, o pior de tudo, eu tinha uma explicação para minha obsessão! Enquanto jogava eu ficava formulando teorias sobre como jogar paciência era importante para se vencer na vida. Os conceitos que aprendemos; persistência, observação, estratégia, antecipação, memória, paciência... Balela, eu estava era um caos mesmo. Cheguei a uma atitude radical apagando o jogo do meu computador, dois dias depois fui lá, como um alcoólatra voltando confiante ao bar que só vai tomar uma, reinstalei o jogo. Não sei como me curei do vicio, talvez porque meu tempo foi tomado por uma paixão tão louca e descabida quanto jogar paciência em busca do segredo da vida.
E ainda tem gente que me acha careta por não quer fumar um baseado...


quarta-feira, maio 07, 2003

 
A nossa loucura de cada dia:
(parte 1)
O Wilton acha que grau de insanidade se mede pela capacidade de chapar o coco. Bom, no nosso meio, insanidade é algo positivo. Dizer que fulano é louco parece quase um elogio, talvez porque ser louco seja fugir dos padrões desse mundo chatinho que tanto tememos. Certa vez o Wilton me disse que eu era mais louca que ele, não sei como o convenci disso, até porque ele é o cara mais louco que conheço e eu não sou de chapar o coco. Alias nem passo perto destas "mercadorias", já tenho uma tendência suficientemente auto destrutiva e uma enorme dificuldade de manter os pés no chão, vícios e manias não me faltam, não preciso adquirir mais nenhum deliberadamente.
Um dos meus vícios mais preocupantes é o de cheirar. Não cheirar coca ou cola, tais cheiros não tem graça, só cheiro do bom e do melhor. Eu peguei essa mania a uns anos atrás. Começou com aquelas barraquinhas de frutas que exalam um perfume forte no verão. Cheirei uma pêra, avaliei o odor adocicado, passei para um pêssego, marcante, uma laranja, até que frutas não fossem suficientes e assim percorri todo o setor alimentício. Com o decorrer do tempo minha curiosidade nasal aumentou, madeira, plástico novo, substância voláteis... controlo bravamente minha obsessão por produtos químicos, gasolina, verniz, solvente, respiro fundo quando passo por eles e não os procuro mais, mas não nego que fazer as unhas me proporciona alguns segundos de prazer.
As vezes me imagino como um daqueles pacientes do Oliver Sacks, talvez um tumor na lóbulo olfativo, ele cresceu como o de um cão, tenho que cheirar tudo, se eu morrer vai ser por causa do tumor, não do tóxico...
Entre nossos cinco sentidos o olfato esta em quarto lugar em termos de percepção, apenas antes do tato. Nossa atenção está voltada para os olhos, simplesmente esquecemos dos outros sentidos. É por isso que fechamos os olhos ao beijar, focalizar a atenção. Eu não sei nome de perfumes, mas conheço tão bem o cheiro de algumas pessoa que até me assusto. E não é só, guardei um frasco de creme hidratante por 3 anos só porque quando sentia seu cheiro eu estava novamente no quarto de albergue em Londres. Fácil, né?
É, Wilton, isso sim é coisa de louco... onde já se viu escrever uma coisa destas?


terça-feira, maio 06, 2003

 
Observação

Hoje fez uma daquelas tardes, não sei se alguem reparou. O sol esquentava enquanto o ar esfriava aqui em São Paulo. Estas tardes me deixam nostalgica, em Botucatu era o Outono inteiro assim. Não é nostalgia das pessoas, da faculdade ou da cidade, é uma saudades daquele céu azul, do ar frio que queima na face, do calor absorvido no rastro do sol, do silêncio que impera e que comove. O silêncio que me inspira, o silência da criação, das posibilidades, do encantamento. Esse silêncio, nestes dias assim de céu azul, que me faz pensar como é inútil lutar contra a morte mas como fácil viver.



sábado, maio 03, 2003

 
Frenesi:
Acabei de ver o DVD de "Frenesi" do Hitchcock que vem com o trailer para cinema do filme. Acho que se eu contar vai perder a graça, mas ao assistir aquele trailer fiquei me perguntando como que aquele senhor consegui ser o maior diretor de filmes de suspense. Até da para perdoar o filme por ser totalmente previsível em cada cena, o rascunho de serial killer que é nosso vilão e os furos de roteiro onde tudo se resolve tão facilmente, talvez o público fosse mais ingênuo na época. Talvez Hitchcock tenha sido inovador, takes inusitados, sem pudores em fazer o público simpatizar com uma personagem para em seguida mata-lo, sem precedentes em sua época. Pode ser injusto fazer comparações do tipo "Janela indiscreta" e "O quarto do pânico", mas numa era MTV fica difícil ignorar um trailer e talvez esta seja a verdadeira razão de tamanho frenesi; Hitchcock, em seu trailer tosco, boiando no rio, entre sacos de batatas, cadaveres e sopa de peixe participou da germinação do video clip e de filmes como o próprio "Quarto do pânico". Assistam e tirem suas conclusões.

"A vida é como topografia, Haroldo. Há picos de felicidades e sucessos... pequenos campos de chata rotina... e vales de frustrações e fracassos..."
Calvin & Harold


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